quinta-feira, 15 de setembro de 2011

POR QUE O GOOGLE COMPROU A MOTOROLA?

Nos últimos dias têm sido uma avalanche de noticias e opiniões na última jogada do Google, que fechou acordo para comprar a Motorola Mobility, a divisão de celulares da gigante Motorola. A grande bla bla bla é claro em torno no montante de patentes que a Motorola tem, e com isso não só o Google, mas todos que vendem Android poderão se fortalecer na luta contra os inúmeros processos de patentes que estão rolando.

Mas essa compra tem uma esfera muito maior do que a “simples” guerra de patentes, afinal, a bagatela de U$ 12,5 bilhões em cash é muita grana, e a Motorola não vive só de patentes. Estamos falando da Motorola, uma das precursoras dos celulares, que lançou modelos marcantes como o StarTAC e o V3 (o RAZR, que vendeu mais de 130 milhões de unidades no mundo). O que o Google está pretendendo com todo o pacote Motorola que vem junto? Continue lendo e veja a nossa análise.


Só pra alinhar e deixar claro – o Google não comprou a Motorola inteira. A Motorola tem vários outros produtos de infraestrutura e de redes de comunicação, que junto com os celulares formava a Motorola Inc. que todos nós conhecemos. No começo de 2011 a empresa se dividiu em duas, formando a Motorola Mobility (divisão de celulares e caixas de TV a cabo) e a Motorola Solutions, que tem todo o resto.


Eis que a Mobility se vai pelos US 12,5 bi. Por ter sido umas das pioneiras na indústria, a Motorola também tem muitas patentes em seu nome – mais de 17 mil – que vão junto no pacote. São patentes de sistemas, hardware, comunicações, e outras esferas que fazem parte dos processos que correm hoje e de outros que virão no futuro. Além disso, o Google leva de bônus mais dois produtos que fazer parte da Mobility – modem de Internet a cabo e os decodificadores de TV, tanto de sinais abertos como por assinatura. Já estão imaginando as conexões? Vamos por partes.


Patentes

  • É o grande buzz das notícias. Sem desmerecer: as 17 mil patentes serão bem vindas ao Google para fortalecer a propriedade intelectual do Android.
  • Porém, HTC, Samsung, Sony Ericsson, LG e o resto também agradecem. Afinal, agora todas essas patentes também fazem parte do Android, e os parceiros do Google ganham de tabela. Inclusive pode até fortalecer a HTC e a Samsung na briga com a Apple, ambas alvos de processos fortes.
  • Além da ajuda imediatista, isso é uma proteção para o futuro, já que a Microsoft também está tentando tirar a margem dos Androids, como fez com a HTC ($5 de cada um dos seus smartphones Android vão para Redmond).
  • Por fim, a compra é uma “resposta” na última derrota do Google: lembram que a Nortel, uma empresa só de patentes, foi comprada por um consórcio que inclui Apple e Microsoft? Pois é, só o Google não estava na brincadeira. Aliás, eles estavam brincando demais nesse dia.

Hardware

  • O mais óbvio dos benefícios, mas que ainda está sendo um pouco subestimado. O Google namorou hardware por um bom tempo, todos ficavam com medo quando surgia algum Nexus, mas nada se compara a essa jogada.
  • Integração entre hardware e software é NECESSÁRIO hoje. O Android precisa evoluir nesse aspecto para competir mais de igual com o iOS. Sim, minha opinião aqui é que as vendas maiores do Android são fruto de distribuição e negócios, e não porque hoje ele é superior em experiência. O Google sabe disso e é aqui a grande oportunidade que eles terão.
  • A ideia não é só evoluir o Android, mas buscar volume de vendas interna também. Os modelos Nexus não passam de “testes”, vendem muito pouco, mas agora existe a oportunidade de ir além, com vários modelos. Premium, mid e até os mais baratos: o Google tem uma linha inteira nas mãos herdada da Motorola.
  • Falando em volume e hardware, surgem as ideias claras também – o Google poderá criar o modelo que quiser para competir com o iPhone no high-end, mas também poderá penetrar em novos mercados – o low-end. A corrida para entrar com smartphone lá já começou, inclusive os rumores da Apple não param. Já imaginaram o smartphone Android de graça pago pela receita dos anúncios Google? Se tem alguém que pode fazer isso, essa é a empresa.
  • Isso que nem falei em tablet ainda. O Motorola XOOM é um dos heróis do Android 3.0. Já imagino Larry Page criando um novo tablet “à sua imagem e semelhança”.
  • Com essa integração, as peças do xadrez estão postas pra guerra. São três jogadores: a Apple, sozinha e com vantagem de ser a pioneira no modelo; a “Micronokia”, que tem um caminho muito mais longo a percorrer por começarem do zero, mas com extrema expertise dos dois lados (hard e software); e a mais nova “Googorola”. Você viu? A onda dos nomes de casais de Hollywood já chegou ao mundo das fusões e aquisições…

Google TV

  • Podemos até chamar de bônus, mas com um enorme “bem-vindo” no meio. O Google leva pra casa também a divisão dos decodificadores de TV, aqueles que você tem da NET, ou os receptores de TV Digital externo se sua TV não tem embutido. A Motorola tem bom volume e conhecimento nesse mercado que, por “coincidência”, é onde o Google está tentando entrar – na sua TV.
  • Vem para dentro o conhecimento de hardware (de novo) que o Google não tem e dependeu da Sony e Logitech para o lançamento – que, por sinal, foi um desastre.
  • E tem a oportunidade de integrar seus produtos nas caixas atuais, como um YouTube player ou até mesmo todo o serviço do Google TV. Criar uma base instalada é tudo que o Google precisa para começar a dar certo.

Enfim, é um belo pacote por 12,5 bilhões. Mesmo que os números atuais da Motorola estejam baixos, o potencial da empresa dentro do Google cresce muito. E que dê certo: o que eu mais espero é inovação para nós, e quanto mais concorrência melhor.

Fonte: Gula Digital

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